domingo, 26 de maio de 2013

Pode ser dificuldade de aprendizagem?


É recorrente ouvir na queixa, que um aluno apresenta dificuldade de aprendizagem, porém, é preciso ter cuidado com tal afirmação, porque, dificuldade de aprendizagem não se generaliza, tampouco o atendimento psicopedagógico.

É preciso objetivar a interação entre o profissional e o sujeito e o que se pretende com o trabalho, pois não se tem um instrumento único. Um deles é o autoconhecimento, que é uma constante descoberta . É um processo, por isso, é fundamental o vínculo com o profissional, porque é o sujeito que se modifica – e nesta relação de parceria, pode-se iniciar um trabalho dinâmico, no qual o indivíduo transforma alguma coisa na aprendizagem e passa a construir outra forma de aprender.  Por exemplo,  pode aprender sem conteúdo, na hora do jogo, quando se aproxima ou recusa um aprendizado, as instruções e as regras.

É fato que o psicopedagogo não dá conta de tudo, sobretudo em casos que necessita de uma equipe. Só há intervenção terapêutica se o profissional conseguir interagir, para, em seguida poder planejar para o caso. É importante delinear a intervenção, estabelecer um projeto psicopedagógico, planejar o trabalho mediante as observações coletadas do ‘’mundo ’’ da criança e levá-la a rever sua forma de aprender.

Na avaliação é necessário observar qual rota está comprometida para aplicar estratégias e atitudes psicopedagógicas. O trabalho com Arte, técnicas, desenhos, intervenções na escrita, a hora do jogo, a dramatização, o lúdico, as novas propostas, a conversa, o material trazido pelo indivíduo e outros, direcionam a linguagem a ser utilizada para contribuirmos na modificação do quadro. São as estratégias compatíveis com o que se observou e o que foi relatado na queixa que caracterizam o projeto. Por esta razão, dificuldade de aprendizagem não se generaliza, nem tudo é dificuldade de aprendizagem, embora haja uma tendência de assim se considerar. É importante observar. Muitos comportamentos são comuns e por isso se rotula. Cuidado!

A intervenção psicopedagógica é também acolhimento. O respeito e o interesse do profissional pelo indivíduo, o que demonstra com seus gestos, sua voz e o contato físico, podem dizer muito. As crianças nos observam tanto quanto as observamos, portanto, olhar nos olhos com carinho e sorriso na voz, são expressões que revelam muito de nós e transmitem nossa energia.

Outro fator importante, é a escuta. Muitas crianças não são ouvidas e se fossem, seria o suficiente para iniciar sua organização interior.

Ao ouvir a criança, repita para ela de maneira resumida e clara o que escutou. Esta atitude demonstra que ao falar, ela manifestou o motivo pelo qual procurou ajuda e sente-se compreendida. Quebre qualquer mensagem de superioridade, você pode e deve demonstrar seus sentimentos, falar de suas dificuldades, que também precisa de ajuda para algumas coisas, que se esforça para consegui-las, e que é preciso tentar sempre.  

Finalmente, perceba a modalidade da criança que está com você e como pode trabalhar com ela.  Do que ela precisa? É de contato físico? É que você seja mais condutiva? Ou, ao contrário, que ela conduza mais? Encontrar as respostas é encontrar a modalidade, ou seja, o estilo,  o anseio de cada um, que nem sempre é dificuldade de aprendizagem, mas o fio condutor para que a criança seja o agente principal de sua mudança.

Pense nisso!

Liliam Abrão Martins, Professora, Psicopedagoga, Analista de Conteúdo do Instituto Passadori de Comunicação Verbal.

São Paulo, 26 de maio de 2013.


Nenhum comentário:

Postar um comentário