É recorrente ouvir na
queixa, que um aluno apresenta dificuldade de aprendizagem, porém, é preciso ter
cuidado com tal afirmação, porque, dificuldade de aprendizagem não se generaliza,
tampouco o atendimento psicopedagógico.
É preciso objetivar
a interação entre o profissional e o sujeito e o que se pretende com o trabalho,
pois não se tem um instrumento único. Um deles é o autoconhecimento, que é uma
constante descoberta . É um processo, por
isso, é fundamental o vínculo com o profissional, porque é o sujeito que se
modifica – e nesta relação de parceria, pode-se iniciar um trabalho dinâmico, no
qual o indivíduo transforma alguma coisa na aprendizagem e passa a construir
outra forma de aprender. Por exemplo, pode aprender sem conteúdo,
na hora do jogo, quando se aproxima ou recusa um aprendizado, as instruções e as
regras.
É fato que o
psicopedagogo não dá conta de tudo, sobretudo em casos que necessita de uma
equipe. Só há intervenção terapêutica se o profissional conseguir interagir,
para, em seguida poder planejar para o caso. É importante delinear a
intervenção, estabelecer um projeto psicopedagógico, planejar o trabalho
mediante as observações coletadas do ‘’mundo ’’ da criança e levá-la a rever
sua forma de aprender.
Na avaliação é
necessário observar qual rota está comprometida para aplicar estratégias e
atitudes psicopedagógicas. O trabalho com Arte, técnicas, desenhos, intervenções
na escrita, a hora do jogo, a dramatização, o lúdico, as novas propostas, a
conversa, o material trazido pelo indivíduo e outros, direcionam a linguagem a
ser utilizada para contribuirmos na modificação do quadro. São as estratégias
compatíveis com o que se observou e o que foi relatado na queixa que
caracterizam o projeto. Por esta razão, dificuldade de aprendizagem não se
generaliza, nem tudo é dificuldade de aprendizagem, embora haja uma tendência de assim se considerar. É importante
observar. Muitos comportamentos são comuns e por isso se rotula. Cuidado!
A intervenção
psicopedagógica é também acolhimento. O respeito e o interesse do profissional pelo indivíduo, o que demonstra com seus
gestos, sua voz e o contato físico, podem dizer muito. As crianças nos observam
tanto quanto as observamos, portanto, olhar nos olhos com carinho e sorriso
na voz, são expressões que revelam muito de nós e transmitem nossa energia.
Outro fator
importante, é a escuta. Muitas crianças não são ouvidas e se fossem, seria o
suficiente para iniciar sua organização interior.
Ao ouvir a criança,
repita para ela de maneira resumida e clara o que escutou. Esta atitude
demonstra que ao falar, ela manifestou o motivo pelo qual procurou ajuda e
sente-se compreendida. Quebre qualquer mensagem de superioridade, você pode e
deve demonstrar seus sentimentos, falar de suas dificuldades, que também precisa de ajuda para algumas coisas, que se esforça para consegui-las, e que
é preciso tentar sempre.
Finalmente, perceba
a modalidade da criança que está com você e como pode trabalhar com ela. Do que ela precisa? É de contato físico? É que
você seja mais condutiva? Ou, ao contrário, que ela conduza mais? Encontrar as
respostas é encontrar a modalidade, ou seja, o estilo, o anseio de cada um,
que nem sempre é dificuldade de aprendizagem, mas o fio condutor para que a
criança seja o agente principal de sua mudança.
Pense nisso!
Liliam Abrão
Martins, Professora, Psicopedagoga, Analista de Conteúdo do Instituto Passadori
de Comunicação Verbal.
São Paulo, 26
de maio de 2013.
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